Cidadão Boilesen
A ditadura no Brasil, destituída de qualquer traço de ética ou humanidade, sequestrou, torturou e matou inúmeras pessoas. Para isso, utilizou como instrumentos o pau de arara, o choque elétrico, o afogamento, a cadeira do dragão, empregou o empalamento e a degola e queimou corpos.
A Argentina decidiu abrir todos os arquivos confidenciais das Forças Armadas referentes ao período (1976-1983) da ditadura militar. Já no Brasil, somente a possibilidade de se criar a Comissão Nacional da Verdade é motivo de muito estardalhaço. Sabemos quase nada sobre o que verdadeiramente transcorreu nesse período.
Dirigido por Chaim Litewski, fruto de 16 anos de produção, o filme Cidadão Boilesen expõe a relação corrupta entre grupos empresariais e a Operação Bandeirante e entre o aparato repressivo e as finanças. O personagem central é o dinamarquês Henning Albert Boilesen, na época presidente da Ultragaz, assassinado em 1971 com 19 tiros. Homem frio e calculista, sentia prazer em presenciar sessões de tortura e foi responsável pelo instrumento de tortura conhecido como “pianola Boilesen”.
Os caminhões da Ultragaz tinham estreita associação com as prisões políticas como comprovam depoimentos e documentos. Também é comprovada a ligação de Boilesen com o delegado Fleury e o Esquadrão da Morte. Assim também são exibidos os bastidores do plano engendrado em 1969 para coletar fundos para financiar a OBAN (Operação Bandeirante) – germe do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna) –, formada por policiais civis e militares para combater o "terrorismo".
E é por expor um pouquinho dessa monstruosa época que Cidadão Boilesen é um documentário imperdível.
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